domingo, 31 de maio de 2015

Médico fisiatra







Fisiatra? O que é isso e como pode me ajudar?




O Médico Fisiatra é o especialista em Medicina Física e Reabilitação. Ele é responsável por tratar pacientes portadores de doenças incapacitantes e fisicamente dolorosas. Existem mais de 1 bilhão de pessoas com deficiência no mundo (OMS 2011) e no Brasil esse número é de 24% da população, ou seja, 45 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência (IBGE 2014), o que revela a importância dessa especialidade médica. As doenças mais frequentes no consultório dos fisiatras são dores na coluna, tendinites, bursites, LER/Dort, artroses, osteoporose, síndromes miofasciais, fibromialgia, hérnias de disco e dores neuropáticas. Além destas doenças, atua também na reabilitação de hemiplegias (derrame cerebral), paraplegias (lesões medulares), amputações (traumáticas e vasculares), enfisema, infartos e doenças do coração, além da paralisia cerebral, miopatias e na reabilitação de fraturas e entorses.

Para alcançar o sucesso terapêutico, curando ou amenizando a incapacidade, o fisiatra conta com um vasto arsenal terapêutico: prescrição de medicamentos, realização de procedimentos invasivos como aplicação de toxina botulínica para espasticidade e dor, infiltrações intra-articulares e bloqueios de dor. O fisiatra também utiliza recursos da medicina física (calor, frio, correntes eletromédicas e exercícios terapêuticos), prescreve aparelhos de auxílio e tecnologia assistiva (órteses, próteses, cadeira de rodas, adaptações para a independência) e, quando necessário, conta com uma equipe interdisciplinar que inclui vários profissionais da área, como enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, técnicos em órtese e prótese, assistentes sociais, educadores físicos e engenheiros, dentre outros – sempre visando a inclusão plena do indivíduo na sociedade.


E quando surgiu essa especialidade?

A especialidade foi estabelecida a partir da 2ª Guerra Mundial, quando a sociedade notou a necessidade de tratamentos avançados e reabilitação para as pessoas com deficiências como os soldados de guerra e as vítimas da epidemia de poliomielite. Esta última se tornou pública com seu paciente mais ilustre, o presidente americano Franklin D. Roosevelt. Em 1954 a Fisiatria foi reconhecida como especialidade médica no Brasil e desde então está se aprimorando os cuidados com os pacientes e desenvolvendo a especialidade.


Como o fisiatra trata a dor?

A primeira fase do tratamento consiste em "apagar o fogo", ou seja, todos os esforços devem ser direcionados ao controle da dor e à restauração funcional. Isso deve ser feito o mais rápido possível, evitando a cronificação da dor aguda e a perpetuação da dor crônica. Numa fase aguda, pode-se indicar repouso relativo, gelo, fisioterapia analgésica, acupuntura, analgésicos, anti-inflamatórios e relaxantes musculares, órteses, procedimentos minimamente invasivos. Numa fase crônica, costuma-se associar outras classes de medicamentos, com ação neuromoduladora (que aumenta a tolerância a dor), entre eles, cita-se os antidepressivos, anticonvulsivantes, fenotiazínicos, indutores do sono, sedativos, entre outros. Nesta fase, recomenda-se não exigir muito movimento da região afetada para não aumentar o ciclo vicioso de dor-espasmo reflexo - dor. Em casos selecionados pode-se indicar a avaliação de um cirurgião ortopedista e a realização de procedimentos fisiátricos. Lembrando que os procedimentos representam uma das etapas para o sucesso da reabilitação do paciente, que sem dor consegue iniciar os exercícios terapêuticos, com resultados mais eficazes.

Fase 2 : Cinesioterapia - reabilitar. A maioria dos sofredores de dores acha que uma vez que a dor diminui ou desaparece é porque o problema foi resolvido. A verdade é que o controle da dor é apenas o primeiro passo. O próximo passo é a fase de correção, que dura de 4 a 6 meses. Nesta fase, o movimento da articulação deve ser restaurado e deve ser orientado um plano de recondicionamento dos músculos que suportam e estabilizam a articulação acometida, que deverá ser seguido para a melhora da condição geral da articulação e do local da dor, através da realização de exercícios terapêuticos supervisionados por um profissional capacitado.

Depois desta fase, os exercícios aeróbicos podem ser reiniciados e progredidos gradualmente por um
período de 4 a 6 meses. Dependendo de cada caso, pode-se orientar quais as atividades aeróbicas mais indicadas para cada paciente iniciar a sua recuperação. Por exemplo, bicicleta ergométrica horizontal, com apoio nas costas, é melhor tolerada do que natação para paciente com dor lombar que piora à extensão da coluna. O retorno ao esporte prévio a dor (por exemplo, futebol e corrida) deve ser lenta e gradual. Sempre atento a qualquer sinal que o ser corpo estiver lhe mandando. Diminua o seu treino toda vez que sentir dor ou desconforto, seja durante ou depois da realização dos exercícios. Qualquer dúvida, converse com seu médico fisiatra sempre que apresentar qualquer sintoma e sobre a sua progressão. Além disso, deve-se orientar adequação de hábitos saudáveis, calçados, perda de peso, reforçar quanto adesão à posturas e atividades que causam maior sobrecarga, o descanso apropriado pós treino de recondicionamento, bem como controle dos sintomas ansiosos e depressivos secundários ao quadro de dor.

Fase três - Manutenção Cinesioterapia - Manter. Esta fase consiste na prevenção, evitando novas crises e quadros de dor. É fundamental exercícios para manter o fortalecimento global, associado ao treino de flexibilidade, coordenação motora, equilíbrio e propriocepção global, habilidades abordadas por educadores físicos adeptos do treino funcional.


Onde encontro um fisiatra em Salvador?

Abaixo segue alguns centros que possuem fisiatria em Salvador, mas antes de escolher seu médico, recomendamos que pesquise e colha mais informações, para que possa se sentir confiante no momento da entrevista. 
  • Consultório Dr José Luís Couto: Avenida Juracy Magalhães Jr., 296, Itaigara. Salvador - BA, CEP: 40295-140. Telefone: (71) 3358-9842;
  • Virgínia de Fátima Pereira Pinheiro: Avenida Dorival Caymmi, 19, São Cristóvão. Salvador - BA, CEP: 41635-151. Telefone: (71) 3375-2030;
  • Fisioclin: Rua José Sátiro de Oliveira, 8, Barra. Salvador - BA, CEP: 40140-800. Telefone: (71) 3245-0859;
  • Bios Saúde Medicina e Reabilitação Física: Rua Adelaide Fernandes Da Costa, 700, Costa Azul, Salvador, BA. Telefone: (71) 3183-2000.














Carol Lopes





Referencias:

Dra. Heerdt, Maike. Médica Fisiatra - Dor e Reabilitação. Como o fisiatra trata a dor?. Disponível em: <http://zip.net/blrlrv>. Acesso em: 31 de maio 2015;

Fisiatria, Saúde na Praça. Associação média de Minas Gerais. Disponível em: <http://www.ammg.org.br/pdfs/saude/fisiatriaMEDICO.pdf>. Acesso em: 31 de maio 2015;

Sobre a especialidade. Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação. Disponível em: <http://abmfr.com.br/>. Acesso em: 31 de maio de 2015.


quinta-feira, 28 de maio de 2015

Dor crônica

Dor Crônica


As dores crônicas não têm a finalidade biológica de alerta e sobrevivência e podemos dizer que se constituem como verdadeiramente uma doença. Com relação ao aspecto temporal, as definições variam quanto sua conceituação, da duração de mais de três ou seis meses, ou as que persistem após a cura da lesão inicial. Algumas vezes não se consegue um nexo causal, o que não invalida o seu diagnóstico e sua existência.
As dores crônicas permitem discussões conceituais da medicina clássica, havendo a necessidade de argumentações que fogem do modelo dito biomédico clássico, com implicações filosóficas, sociais e emocionais, daí o emprego do modelo biopsicossocial. Assim, o pensamento de Shakespeare "Todos são capazes de dominar a dor, exceto quem a sente" contraria as abordagens atuais, desde que um dos objetivos terapêuticos em uso é de técnicas que permitam aos pacientes conviver e interagir com a dor e o sofrimento. Outro aforismo clássico da medicina, "sublata causa tollitur effectus" (retirada a causa o efeito desaparece), também é invalidado pelo próprio conceito de dor crônica.
O entendimento da dor não deve se limitar a sua expressão neurosensitiva, e sim também como uma mensagem emocional, uma metáfora perceptiva. Pode ser uma sensação adaptativa, um alerta precoce para proteger o corpo de lesões teciduais, ou eventualmente ser uma má adaptação, refletindo um funcionamento patológico do sistema nervoso. De tal forma que existe a dor como uma experiência sensitiva e a dor como uma metáfora perceptiva de sofrimento, de aflição ou mágoa. Essa nocicepção é ativada somente por estímulos lesivos, atuando em receptores especializados. A nocicepção uma vez presente, após o desaparecimento do sinal de alarme, toma características motivacionais, semelhantes à fome, sede ou desejo sexual. O limiar para despertar a dor tem que ser elevado o suficiente para que a mesma seja evocada, antes que ocorra lesão tecidual. Esse limiar não é fixo e pode ser alterado tanto para mais como para menos, podendo ser tanto adaptativo, como mau adaptativo. Mudanças no limiar de dor e da capacidade de resposta são expressões de neuroplasticidade, que é a maneira biológica pela qual, mudanças no sistema nervoso podem modular as respostas a qualquer estímulo. Essa plasticidade caracteriza essencialmente as síndromes clínicas dolorosas.
Na análise do impacto da dor crônica sobre o indivíduo, admite-se que haja a passagem pelos vários períodos, como descrito pela psiquiatra nascida na Suíça, Elisabeth Kübler Ross, em seu livro Sobre a morte e o morrer onde, ao invés da morte, existe o sofrimento. O primeiro dos períodos identificados por Kübler Ross no processo de morte (sofrimento) é a negação, quando o paciente se recusa a aceitar que tem uma condição fatal (ou crônica). Depois se seguem a raiva, a negociação, a depressão e a aceitação de que a morte é inevitável (sofrimento). Os períodos, advertiu Kübler Ross, não se sucedem de forma ordenada e excludente, mas podem misturar-se, em particular durante o da negociação, quando o paciente pensa que caso se submeta a um determinado tratamento, ou se fizer dieta ou exercício, talvez possa reverter sua condição. O reconhecimento de que a negociação não é possível com a morte (sofrimento), frequentemente leva à quarta fase, que é a depressão. A etapa final é a aceitação, quando a pessoa reconhece sua mortalidade (seu sofrimento como tratável, não a proximidade do fim) e a proximidade do fim.
Nas dores crônicas, teríamos na Fase I, comportamentos de negação, busca de tratamento, vulnerabilidade ao charlatanismo e métodos mágicos e não convencionais. Fase II, hostilidade, agressividade, litígios e abusos medicamentosos. Fase III, depressão, desespero, insônia, busca de tratamentos, não aceitação de ajuda pessoal e abuso de medicamentos. Fase IV, aceitação da incapacidade, permissão de uma abordagem realística no tratamento, podendo ser ajudado.



Escala de faces da dor



  • Referencia
  • MARQUEZ, Jaime Olavo. A dor e os seus aspectos multidimensionais. Cienc. Cult.,  São Paulo,  v. 63,  n. 2, Apr.  2011 .   Available from <http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252011000200010&lng=en&nrm=iso>. access on  28  May  2015.
  • Imagem: Avaliação de dor segundo o Ministério da Saúde. Disponível em: <http://www.absh.org.br/00.php?nPag=11_008>. Acesso em 28 maio 2015.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Vamos falar de arte!

E, desta vez, será sobre pintura.

Você pode estar se perguntando o que pintar tem a ver com dor, não é mesmo? Mas acredite que há relação entre eles.

Pra facilitar, vou contar apenas uma história. Um americano chamado Mark Collen de 47 anos, portador de dor crônica no nervo ciático, enfrentava o desafio de transmitir ao seu especialista o que sentia. Sem conseguir fazer com que seu médico entendesse sua dor, seu tratamento sempre era ineficaz. Essa dificuldade inspirou Mark a retratar seus sentimentos por meio da pintura e isso permitiu que as pessoas que cuidavam dele compreendessem melhor o que ele realmente sentia. Assim, em 2001, juntou-se com outros artistas que sofriam de dor crônica e elaborou uma coletânea de arte dedicada a nada menos do que a dor. E, por fim, em 2012 fundou o painexhibit.org, uma exibição virtual de arte sem fins lucrativos com o intuito de educar as pessoas, por meio da pintura, sobre o que é a dor crônica, além de dar voz àqueles que dela sofrem.


Estes são dois dos diversos quadros publicados. Eles são auto-retratos muito expressivos, que tornam mais fácil a compreensão do que acontece no íntimo do artista durante as crises de dor.

Gregory Maskwa. Ontario, Canada
"Things Could Be Worse"
"Migraine 3" by Ellen Rogers
Ellen Rogers. Portland, Maine
"Migraine3"

Está aí uma das importâncias da arte no tratamento da dor, a capacidade de tornar palpável algo subjetivo, que muitas vezes não tem palavras capazes de descrever e nem escala para medir a intensidade. 

Em breve, a dor crônica terá uma matéria só para ela, além do mais não adianta compreender o que alguem que sofre dela sente e não saber do que se trata, não é mesmo? Até lá, você teria algum caso para compartilhar? Conhece alguém que sofre de dores constantes? O que esse alguém faz para encontrar alívio?

Comentem!

Ah, gostou dos quadros ou se interessou pelo assunto? Visitem o PainExhibit.org. Ajudem-nos a expalhar sua mensagem e explorem suas galerias!

Rodrigo Menezes

domingo, 24 de maio de 2015

Dor psicossomática


“Doutor, que dor no coração...!”




“A dor não surge apenas da estimulação periférica, mas também de uma experiência da alma, que reside no coração” Platão
A saúde emocional e a física andam lado a lado, exemplificamos isso no post anterior quando falamos que a origem emocional pode causar uma dor tão intensa quanto a dor física. Os profissionais que estudam e trabalham com essa relação são conhecidos como psicossomáticos. Mas o que é isso de “psicossomático”?

A psicossomática é uma ciência interdisciplinar que integra diversas especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre os processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. O reconhecimento de um fator emocional em uma manifestação da dor física é importantíssimo para compreender porque algumas doenças não se manifestam de forma orgânica.



Nosso corpo é tão inteligente que muitas vezes ele se cuida melhor do que cuidamos dele. Nossos estados emocionais podem não ajudar essa relação de homeostase (equilíbrio) corpóreo e podem sim afetar nossa saúde física, e a recíproca também é verdadeira, nossos estados físicos afetam nossa saúde emocional.

As dores de cabeça, no estômago, musculares, falta de ar, podem ser respostas do corpo a fatores estritamente emocionais, como: exposições frequentes a estresse, a perda de um ente querido, relações profissionais, familiares, fim de relacionamento. E falando da perda de alguém querido ou do fim de um relacionamento, o que dizer daquela dor de aperto que sentimos e que muitos chamam de dor d’alma, “ uma dor do coração...”. Às vezes pensamos que não conseguiremos suportar tal dor e nos prendemos tanto a ela que achamos que jamais irá passar. É uma dor tão profunda, que muitas vezes se manifesta fisicamente, a princípio, em forma de lágrimas. Já deu para entender que é importante valorizar, não somente os fatores externos da expressão da dor, mas os fatores psíquicos que fizeram esta se manifestar, confere? É o inconsciente se expressando de forma simbólica.

A dor e os fatores psíquicos que a medeiam são denominadas de “Dor Psicogênica”, uma dor que não tem origem física. A sua manifestação interna e externa é controlada pelo sistema hipotálamo-hipofisário, um eixo cerebral. Este regula a liberação de mediadores químicos, sobretudo endorfinas. Endorfinas são substâncias liberadas no organismo, que agem como analgésicos. Sendo assim, atuam no estado emocional, modulando a dor e reduzindo os estresses. Assim, quanto menos liberadas, mais a dor se manifesta.

É o modo de encarar o dano sofrido e de querer permanecer na dor que irá determinar a duração e a intensidade desta, podendo assim agravá-la ou não.


A verdade é que na dor emocional não há lesão, nem doença, no entanto, a expressão física pode ser real, como já falamos, e se manifesta de diversas formas. Ela tem seus fatores positivos, sua importância na formação do indivíduo, na aprendizagem por experiências adquiridas, nas respostas de defesa do corpo. No entanto, é preciso exercer um controle do tempo de manifestação destas e nos fatores negativos que ela pode desencadear quando em excesso. Por isso se faz necessário, muitas vezes, procurar uma ajuda profissional para ajudar na canalização desta, que nem sempre é um médico apenas, um psicólogo, terapeuta também pode ser um aliado se este for o problema.



Ref.: Rede Ubuntu



Érica Prazeres





sábado, 23 de maio de 2015

Estudo: Rejeição emocional e dor física

REJEIÇÃO SOCIAL E EMOCIONAL CAUSA TANTA DOR QUANTO A FÍSICA


Em um estudo publicado na revista “Proceedings of National Academy of Sciences” (PNAS), psiquiatras norte-americanos foram à procura das razões pelas quais as dores emocionais são tão fortes em algumas pessoas quanto as dores físicas.

Para o estudo, os investigadores, liderados por Ethan Kross, da Universidade de Michigan, nos EUA, analisaram 40 homens e mulheres que tinham passado por uma desilusão amorosa nos últimos seis meses. Todos tinham terminado uma relação afetiva, sendo que gostariam de tê-la continuado, e afirmavam sentir-se intensamente rejeitados.

Os participantes realizaram duas tarefas no estudo: uma relacionada com os seus sentimentos de rejeição; e outra sobre as sensações de dor física. Todas as tarefas foram avaliadas através de exames de ressonância magnética aos seus cérebros.

Durante a tarefa para aferir a intensidade da rejeição emocional, foi mostrado aos voluntários uma foto do seu ex-namorado(a) e perguntado sobre o que sentiram durante a sua experiência de rejeição; foi-lhes também mostrada outra foto, esta de um amigo(a), e questionados sobre o que sentiram sobre uma experiência positiva que tivessem tido recentemente com essa pessoa.

Para a tarefa destinada a avaliar a dor física, foi colocado um aparelho de estimulação térmica no antebraço esquerdo dos participantes. Em alguns testes, a sonda provocava um estímulo doloroso, mas tolerável, semelhante ao de segurar uma xícara de café bem quente. Em outros testes, os voluntários eram expostos a uma estimulação dolorosa não térmica.

Para a análise das imagens de ressonância magnética, além da observação das realizadas pelos voluntários, os cientistas compararam os resultados do estudo com as de um banco de dados com mais de 500 estudos anteriores de ressonâncias magnéticas sobre respostas do cérebro à dor física, emoção, memória, mudança de atenção, memória de longo prazo e de resolução de interferências.

Da análise das ressonâncias magnéticas, os investigadores verificaram que as duas situações de dor - a perda do namorado e sentir o antebraço a queimar - provocaram uma reação nas mesmas regiões cerebrais. E concluíram que o stress emocional causado, por exemplo, pela perda de uma pessoa querida afeta as pessoas da mesma maneira como se fosse um ato físico.

De fato, não deve ser por acaso que, em muitas culturas, a palavra dor é empregada tanto nas questões emocionais como nas físicas. "Descobrimos que induzir sentimentos de rejeição social ativa regiões do cérebro que estão envolvidas na sensação de dor física, que raramente são ativadas em estudos de neuroimagem da emoção", explicou o líder da investigação, em comunicado enviado à imprensa, acrescentando que "estes resultados são consistentes com a ideia de que a experiência da rejeição social, ou mais em geral, a perda social, pode representar uma experiência emocional diferente que é exclusivamente associada à dor física."

Em termos científicos, foi verificado que em ambas as situações existe uma sobreposição neuronal em duas regiões do cérebro - o córtex somatosensorial e a ínsula dorsal posterior - que se tornam ativas quando as pessoas experimentam sensações dolorosas. Segundo reforça Ethan Kross, "estes resultados dão um novo significado à ideia de que a rejeição social 'dói' " e podem conduzir ao desenvolvimento de fármacos capazes de minimizar a dor da perda.



Daniela Santana




Referencias:
Kross, Etan; Berman, Marc; Walter, Mischel; et al. Social rejections shares somatosensory representations with physical pain. Disponivel em: <http://www.pnas.org/content/108/15/6270.full>. Acesso em: 28 de maio de 2015. 

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Cefaléias e enxaquecas

Ai que dor de cabeça!!!



Nesse post vamos falar um pouco mais sobre a Dor de Cabeça (cefaleia), um mal que acomete milhares de pessoas, não há aquele que nunca tenha sofrido, nem que seja, de uma pequena dor de cabeça. Segundo a Sociedade Brasileira de Cefaléia, estima-se que a prevalência da queixa de dor de cabeça, ao longo da vida seja de 93% nos homens e 99% nas mulheres e que, 76% do sexo feminino e 57% do masculino, tenham pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês. Já a enxaqueca (que é um tipo específico de dor de cabeça), a prevalência geral ao longo da vida é de aproximadamente 12% (18% entre as mulheres, 6% nos homens e 4% nas crianças).
Existem mais de 200 tipos de dor de cabeça. Seus sintomas de dor de cabeça podem ajudar o médico a determinar a causa e o tratamento adequado. A cefaleia pode ser dividida em dois grupos:


  • 1.       Cefaléias primárias: Onde a própria dor de cabeça é a doença a ser tratada. Exemplos: Enxaquecas, cefaléia do tipo tensional, cefaléia em salvas, cefaléias trigêmino-autonômicas, neuralgias e dores faciais.
  •  2.       Cefaléia secundária: dor de cabeça causada por uma outra doença, que pode ser um trauma craniano, doenças circulatórias que afetam a circulação do cerebro, tumores cerebrais, ingestão ou exposição a produtos químicos nocivos e tóxicos, infecções etc. São menos frequentes que as cefaléias primárias.


Determinar o tipo e possivelmente a causa da dor de cabeça é o primeiro passo para um tratamento correto. A medicação analgésica comum (Neosaldina, Dipirona, Dorflex, etc) não faz a distinção, alivia os sintomas transitoriamente podendo complicar cefaléias primária e atrasar o diagnóstico das secundárias. Chamo atenção, entretanto, que não precisa se preocupar com qualquer dor de cabeça! Há algumas características que podem fazer você procurar o médico, se você apresenta algum dos sinais, fique alerta:
  • 1.       Cefaléia de início recente. Como as cefaléias primárias costumam se repetir e acometerem os indivíduos ao longo de períodos de tempo muito longos (às vezes, toda a vida), quanto mais recente é o início de uma dor de cabeça, maior a chance de se tratar de uma cefaléia secundária.
  • 2.       Cefaléia pré-existente que apresenta modificação nas suas características habituais. Se a dor muda de características, pode-se na verdade estar diante de uma nova forma de cefaléia e, nesse caso, vale o que foi dito para as cefaléias de início recente.
  • 3.        Cefaléia com intensidade progressivamente maior ao longo dos dias ou semanas. Essa é uma característica marcante, embora não obrigatória, da cefaléia da hipertensão intracraniana e deve ser investigada.
  • 4.        A primeira ou a pior dor de cabeça da vida.
  • 5.        Associação de dor de cabeça com febre, vômito (exceto se já ocorrem há muito tempo, de forma repetida, junto com as dores de cabeça, sem deixarem conseqüências, como ocorre na enxaqueca), rigidez do pescoço, visão dupla, estrabismo, paralisia facial, queda da pálpebra, diferença no tamanho das pupilas, crises epilépticas, confusão, alterações cognitivas e comportamentais ou qualquer outro sintoma neurológico.
  • 6.       Cefaléia de início após os 50 anos. A maioria das cefaléias primárias tem início antes dessa idade.
  • 7.       Cefaléia que ocorre durante esforço físico, atividade sexual ou tosse. Existem formas benignas de cefaléias que ocorrem com o esforço, atividade sexual e tosse, mas essa é uma queixa que deve ser investigada.


Eu tenho cefaleia tensional ou Enxaqueca?!
Normalmente a dor típica da enxaqueca é pulsátil, latejante, forte e ocorre apenas de um lado. A luz e o barulho incomodam, a pessoa pode apresentar náusea, vômitos e a dor piora com o exercício físico ou atividades rotineiras. A cefaléia tensional apresenta dor fraca, não latejante, é mais frequente dos dois lados da cabeça, não provoca náuseas e o barulho e a luz não incomodam.
Na cefaleia tensional, a dor classicamente é em peso ou aperto, freqüentemente é bilateral ou sentida na cabeça toda. A duração é variável, podendo durar de 30 minutos até 7 dias consecutivos. As crises geralmente são de intensidade fraca a moderada, é aquela dor chata que incomodo mas raramente leva o paciente ao hospital. As pessoas geralmente se automedicam com remédios vendidos sem receita médica.
A enxaqueca pode acometer pacientes de qualquer idade e ambos os sexos. No entanto é bem mais comum entre a adolescência e a quinta década de vida e em mulheres. As crises surgem geralmente após a primeira menstruação e persistem com períodos de melhora e piora até a menopausa.
Se o seu caso é de enxaqueca, não se preocupe. É importante procurar um especialista para administrar as crises, existem várias modalidades de tratamento, desde os mais naturais até remédios anti-depressivos e anti-epilépticos, que incomodam ao leigo escutar estes nomes. No seu dia-a-dia, durma bem, alimente-se bem, hidrate-se e faça atividades físicas, cuidados com a saúde geral também repercutem na sua dor!







Carol Lopes

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Características da dor



Dor: como se caracteriza? 
 

 Como já dizia a filósofa francesa Simone Weil: "a dor é a origem do conhecimento". Nesse caso, qual o alcance da dor, o que podemos saber dela e o que já sabemos? 
Para começo, é importante sabermos quais são as características semiológicas da dor. A partir disso temos:
- Localização. A sua dor é sentida em qual (is) local (is)?
- Irradiação. O reconhecimento da localização inicial da dor e de sua irradiação já pode ajudar a saber a sua causa. 
- Qualidade. Qual é a sensação e emoção que ela lhe traz? 
- Intensidade. Em uma escala de 0 a 10 (a pior dor possível), qual número você daria?
- Duração. Ela é contínua, cíclica ou intermitente? A sua dor ela é aguda ou crônica? 
- Evolução.
- Relação com funções orgânicas. A sua dor ela tem ralação com algum órgão situado na mesma área?
- Fatores desencadeantes ou agravantes. Você lembra o que desencadeou a sua dor? 
- Fatores atenuantes. Essa característica se refere aos fatores que aliviam a dor. 
- Manifestações concomitantes. Ela surge com algum outro sintoma? 
Tendo em vista essas características, como você caracteriza a sua dor? Fique atento! Pode ajudar e muito o seu médico saber especificar esses pontos na hora da consulta!


Thainara Santos


terça-feira, 12 de maio de 2015

Ponta-pé inicial

DOR - "Experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.”

Nada mais propício que dar início às publicações do nosso blog definindo o conceito o qual debateremos em inúmeros posts, com o objetivo de levar maiores informações sobre essa que é uma das maiores preocupações da humanidade. 

Nós, do terceiro semestre de medicina da Unime (BA), iniciamos essa página que procurará levar informações de leitura acessível ao público em geral, para maior esclarecimentos, atualizações e debates sobre todos os aspectos que podem despertar curiosidade àqueles que se interessam pelo tema. 
As postagens serão feitas por nós: Carol Lopes, Breno Matos, Érica Prazeres, Daniela Santana, Rodrigo Menezes e Thainara Santos. Estaremos sempre atentos aos comentários para responder possíveis questionamentos, mas para qualquer aditivo: blogdador@gmail.com

Enjoy it!