sábado, 27 de junho de 2015

Dor Crônica (2) - Considerações Finais

Já apresentada e explicada aqui no blog, vamos dar continuação a esse tema.

Um breve resumo do que já foi dito:

Afinal o que é a dor Crônica? A resposta pronta é clara, a dor que demora de passar. Essa afirmação não deixa de estar certa. Em conceito a dor torna-se crônica quando dura mais de 3 meses, mas não é só isso. Para que você entenda do que se trata realmente, é necessário que você saiba como sentimos dor. Assim, de forma resumida, "quando um tecido é traumatizado ocorre liberação local de substâncias químicas, imediatamente detectadas pelas terminações nervosas. Estas disparam um impulso elétrico que corre até a parte posterior da medula espinal. Nessa região, um grupo especial de neurônios se encarrega de transmiti-lo para o córtex cerebral, área responsável pela cognição. Aí, o impulso será percebido, localizado e interpretado. Com a finalidade de impedir que a dor persista mais tempo do que o necessário, os sinais que chegam ao cérebro e se tornam conscientes vão estimular a liberação de substâncias chamadas endorfinas (por sua semelhança à morfina) e encefalinas, que inibem a propagação do impulso elétrico."  

Mas porque vocês precisam saber disso? Simples. A dor crônica está além da sua causa primária, podendo ser causada tanto a desordens do sistema responsável pela percepção quanto da inibição da dor. Por exemplo, um senhor está com dores por causa de uma hérnia de disco. Para piorar, ele fez um tratamento meia-boca e, por isso, está sentindo dores há mais de 3 meses. Isso significa que, infelizmente, tratar a hérnia não resolverá as dores do nosso amigo, pois acontece uma sensibilização do sistema nervoso central, o que apelidam de "memória da dor", constituindo um tipo de dor crônica. 

Mas como assim uma "memória da dor"? Basicamente quando os sinais de dor são gerados repetidamente, os circuitos nervosos sofrem alterações que os tornam hipersensíveis aos estímulos e mais resistentes aos mecanismos inibitórios da dor. Disso resulta uma espécie de memória dolorosa guardada na medula espinal. E, segundo estudos recentes, está memória dolorosa é muito semelhante a uma memória intelectual, sendo os mediadores químicos das duas equivalentes.  

Sabendo disso, torna-se evidente que a Dor Crônica merece ser elevada ao patamar de doença. Pois, a dor aguda tem um sentido, o sentido de alertar, de nós mostrar que algo está errado. Já a crônica  deixa de ser um alerta e passa a ser uma causa de debilidade, com consequências no nosso estado físico, psicologico e comportamental.   

Não pode ser confundida com um quadro psicológico e muito menos mascarar um caso de dor aguda. A dor crônica merece devida atenção.

Agora que essa "nova doença" foi apresentada, uma ênfase no seu tratamento: o processo de cura é lento e apenas remédios não vão resolver. A medicina, em geral, já se direcionou por este caminho: O caminho da multidisciplinaridade, no qual diversos profissionais atuam com o objetivo único de tratar o paciente. Esta pratica combina os medicamentos com atividade física, fisioterapia, acompanhamento psicológico e acupuntura, trazendo resultados muito positivos.
Em pesquisa, foram explicitados os erros principais no tratamento da dor crônica e estes se resumiram na má adesão ao tratamento multidisciplinar.

  • Esperar a dor passar: já foi dito que a dor crônica envolve processos de memória. Esperar a dor passar não é a resposta.
  • Não se exercitar e pular a fisioterapia: o paciente impaciente. A fisioterapia e exercícios físicos demoram um pouco para fazer efeito, mas preservam fim e fígado da ação exagerada de medicamentos.
  • Ignorar os tratamentos complementares: pacientes que não acreditam em meditação e acupuntura. Essas duas praticas são muito comuns e seus resultados são comprovados e publicados no The Journal of Pain. Quando pontos especiais do nosso corpo são pressionados, ocorre a liberação de neurotransmissores analgésicos.
  • Automedicação: pratica comum entre nós brasileiros. Sentiu uma dor que acha comum, como uma dor de cabeça, e já busca um analgésico qualquer, na dosagem que acha correta. Mas é se essa dor tiver uma causa específica? Ela evoluirá para um caso mais grave. 

Portanto, não descuidem-se quanto as suas dores. O problema pode ser e ficar mais sério.


Rodrigo Menezes

Referências: 
http://www.einstein.br/einstein-saude/bem-estar-e-qualidade-de-vida/paginas/dor-cronica-e-doenca-voce-sabia.aspx
http://www.webmd.com/pain-management/guide/understanding-pain-management-chronic-pain

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